segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Quando a estima dá lugar ao abandono

Estação-tubo serve de abrigo nos dias de frio


Animais que um dia tiveram toda a atenção de seus proprietários e hoje vivem abandonados nas ruas de Curitiba

Muitos são os animais que fazem das ruas, calçadas e becos da cidade de Curitiba o seu lar. Animais que um dia tiveram alimento, água, mas acima de tudo desfrutavam de carinho de seus proprietários. De repente se viram abandonados e perderam o rumo de casa. De acordo com o dicionário Aurélio a palavra estimar significa apreciar, amar, reverenciar, prezar. Então qual o motivo que leva estas pessoas  a abandonar ou ainda mau tratar seus animais de estimação?

Estudos realizados pela Universidade Federal do Paraná  (UFPR) demonstram uma proporção de animais abandonados de 1:4, ou seja, um cão para cada quatro habitantes em Curitiba. Número semelhante em vários outros municípios brasileiros. Os mesmos estudos determinam que a maioria dos cães que encontram-se nas ruas são, na verdade, cães semi domiciliados, ou seja, possuem uma residência, um responsável. Porém, acessam a rua livremente.

Mas a realidade que a Sociedade Protetora dos Animais de Curitiba (SPAC) vive hoje é alarmante. Segundo a médica veterinária voluntária da organização Cristiane Benelli Matiollo, estão abrigados aproximadamente 1.000 animais. Ela conta que muitas vezes as pessoas abandonam seus animais em frente ao abrigo em sacos de lixo ou na lixeira. Com a super lotação do local a SPAC só recebe animais vítimas de maus tratos ou muito doentes, pois não há espaço físico para abrigar animais saudáveis, uma vez que chegam animais com viroses podendo assim contaminar os outros.

Segundo a assessora da Secretaria do Meio Ambiente Simone Ribinski da Costa Mattos o trabalho realizado pela prefeitura da cidade fica por conta do Centro de Controle de Zoonoses e Vetores (CCZV) da Secretaria Municipal de Saúde, que antes era conhecido como Canil Municipal. Hoje situado no bairro CIC, faz somente o recolhimento de cães de raças consideradas agressivas ou peso superior à 20 Kg, que estejam atacando pessoas em vias públicas. O recolhimento é feito pela Guarda Municipal por meio de ligações telefônicas pelo número 156.

Os animais recolhidos tanto na SPAC quanto na CCZV estão à disposição para serem adotados. “No CCZV eles ficam disponíveis por dez dias para resgate pelo proprietário. Após este período, são avaliados por médicos veterinários e se não possuem comportamento de agressividade, são encaminhados para adoção”, explica Simone. Na SPAC o procedimento para adoção, segundo a Dra. Cristiane, a pessoa precisa apresentar um documento com foto e comprovante de residência. Ela preenche um termo de adoção se comprometendo a castrar o animal caso ele não seja castrado, e atender a seus cuidados como água, comida e atendimento veterinário. “O termo fica na organização para fazer o acompanhamento após a adoção para ver se o animal se adaptou e se  a pessoa  está cuidando bem”, conclui Cristiane.

Hoje com a internet existem também muitas ONGs com pessoas dispostas a ajudar os animais que se encontram abandonados. É o caso da estudante de publicidade Aline Aparecida Pereira que recolhe os animais vítimas de abandono em sua residência e em seguida divulga suas fotos na internet para posterior adoção. Desde sua iniciativa há sete meses, foram 25 animais que encontraram um novo lar. “Contei também com a ajuda da protetora Silvana Miranda e da organização contra cachorros abandonados Tomba Latas”, conta Aline. Para ela a maior realização em fazer este trabalho é ver o antes e depois do animal. “É um sentimento muito bom”, finaliza Aline.


Gisele e Patty
A comerciante Gisele Auer recebeu a cadela Patty de uma pessoa que não a queria mais. Ela conta que quando o animal chegou estava com atitudes de  quem foi mau tratada, ou seja agressiva e desconfiada. Mas hoje, depois de todo o carinho e atenção que recebeu Patty está dócil e feliz.




                    Alguns animais estão disponíveis para adoção na Sociedade Protetora dos Animais de Curitiba. Como estes nas imagens abaixo. Você pode adquiri-los na Rua: Sandália Monzon, 140 - Santa Cândida. Horário de atendimento: segunda à sexta das 9 às 12 - 14 às 21, sábado das 9 às 15 e domingos e feriados das 9 às 12.









  Texto e imagens: Maria Luiza Okoinski